Vampiros X Zombies

17 de dezembro de 2009
Não é muito justo que o ano termine e Zombieland (ou Zumbilândia) não estreie no Brasil. Deixaram o cinema ficar a mercê de vampirinhos românticos e alguns lobisomens que pareciam pastores alemão. E claro, todos sem camisa.

Ficou faltando algo em 2009, que foi um ótimo ano cinematográfico. Assisti a poucos filmes no telão da sala escura, mas dá para destacar alguns pontos altos como Up!, a (pelo menos até aqui) obra-prima da Pixar. E estreou Avatar também, que deve revolucionar o 3D. Infelizmente, estamos muito longe do ideal para assistir esse filme. Apenas SP e Curitiba possuem o cinema necessário para ver o filme da maneira como foi projetado. Nós, de Brasília ou qualquer outro lugar, teremos que nos contentar com uma película em 35 mm, o padrão. Uma pena, já que o filme merece ser visto não pela sua história, mas pela a tecnologia usada.

Além disso houve a volta do Tarantino com Bastardos Inglórios. Não vi o filme, mas é o Tarantino, caceta! Não precisa de mais do que isso.

Lars Von Trier também fez história. Para sair de sua depressão, resolveu agredir os críticos e os certinhos com o AntiCristo. Não vi por que o cinema de Brasília é uma vergonha. Procurei uma sala com o filme por semanas. Não achei. Porém li inúmeras resenhas, assisti a muitas cenas, li entrevistas com os envolvidos na produção e a opinião de muitas pessoas que assistiram ao filme. Uma delas disse que Irreversível parece Bambi depois da agressão de Trier. Precisa de mais?

E várias outras obras que devem ser ótimas, mas que ainda não assisti como (500) dias com ela; Tá chovendo Hamburger; Monstros Vs. Alienígenas; Aconteceu em Woodstock (Ang Lee é o cara); Os Fantasmas de Scrooge; À Deriva; Brüno; O Fantástico Sr. Raposo (Wes Anderson na animação? Vale a pena conferir!); Se Beber, Não Case (queria saber quem é o mané que escolhe os títulos no Brasil!); O Mundo Imaginário de Dr. Parnassus (Esse filme deve ser foda. Pra suprir a carência da morte de Heath Ledger, chamaram o J. Depp, C. Farrel e J. Law. Sem contar qie o filme é do Terry Gilliam); Inimigos Públicos; Garota Infernal (Diablo Cody e Megan Fox... vale a pena! rs); A Mulher Invisível etc.

E tem os que vi, como Watchmen (ótimo), Sexta-feira 13 (ótimo também), A Era do Gelo 3 (adivinha?). E um destaque para a volta de Sam Raimi para o mundo trash com o divertido Arraste-me para o Inferno.

Porém mesmo com todos esses filmes, contemplados ou não por este que vos escreve, faltou um filme. Na verdade, um tema. Faltou o mais alto predador da cadeia alimentar: o bom e velho Zombie!

Foda! Zombieland estava marcado para começo de dezembro. Sem qualquer motivo, como de costume, a distribuidora mudou o filme para janeiro. Aí, apesar de todas as ótimas obras citadas acima, o cinema foi dominado por vampirinhos sarados. Nem mesmo o Deixe Ela Entrar, filme de vampiro aclamado na’Zoropa, não recebeu muita atenção. É claro, o vampiro jogou sem adversário. Assim não vale! Aí, fica o site da Globo fazendo uma votação dos melhores do ano e em todos a vampirada está presente!

Faltou só isso esse ano. Faltou um predador de verdade nos cinemas. Nada desse bichinho amoroso, desbotado, afeminado, com medo de estaca, alho e sol. Diferente dos Zombies que temem nada!

Foda ser dominado por eles. Afinal, vampiro nada mais é do que um zombie viado!

mais do mesmo

10 de dezembro de 2009
É sempre assim. Quando se tem um tempinho livre, pode esperar: pensamentos mil começam a tomar conta.

Hoje, numa quinta-feira fria e preguiçosa, estou em casa, graças a um pé engessado. Fazer o que, né?!

Talvez seja o fato de estar em casa numa quinta. Talvez seja o céu triste. Talvez seja qualquer outra coisa, mas o que acontece é o seguinte: bateu aquela comum saudade de amigos que estão longe. Não só em distância, mas, também, de contato.

Não vou falar muito já que o meu blog é recheado de posts nesse sentido. Isso é só um comentário para aqueles que lerem isso: saudades de vocês, amigos e amigas. Muitas saudades!

O dia depois de ontem... e anteontem

8 de dezembro de 2009

De repente, se passaram 25 anos em 90 minutos. Acho que eu nunca gritei tanto em minha vida. Quando me lembro do desespero do primeiro gol, da esperança do gol de empate, da ansiedade do gol da virada e da euforia do apito final, me emociono. Cada minuto foi único e eterno.

A ficha ainda não caiu. Já li todas as matérias possíveis sobre o Mengão, vi vídeos, fotos, relembrei cada momento incontáveis vezes e vi outros ao redor do mundo. E em cada um deles, me arrepiei novamente.

Hoje, no dia depois de ontem e de anteontem é que começo a sentir o que é ser Flamengo. Finalmente sou um flamenguista completo, que viveu glórias e, só então, começo a entender o motivo de sermos o Maior Time do Mundo! Alguém aí viu o Globo Esporte de hoje? O Flamengo estava devidamente representado por seu fieis torcedores não só no Brasil inteiro, mas no também no mundo. EUA, Londres, Japão, Palestina, ANTÁRTIDA (não é o bar). Isso é ser Flamengo. Portanto não é arrogância quando me refiro ao Mengão como o Maior do Mundo. Nada mais é do que um fato.

Mas acho que a maior prova disso é saber como milhares daqueles outros torcedores que não tiveram o prazer de nascer com sangue rubro e negro não esquecem o Mengão. Aliás, eles falam mais do Flamengo do que os próprios flamenguistas.

Basta dar a oportunidade que eles mostram o quando o time deles os insatisfaz. Vide o Hernanes, por exemplo. Mal colocaram o fálico microfone perto de sua boca, ele já começou a falar do Maioral: “Pra mim é Penta”, disse o Bambi.

O blogueiro do SP no GloboEsporte colocou em seu blog uma foto do Jason (aquele que sempre morre no final) com os dizeres: “O único Hexa sem asterisco”. E isso meses depois do jogo contra a Bambilândia. E do nada, na verdade, sendo que ninguém do Flamengo fica perdendo tempo falando de timezinhos.

Nos inúmeros comentários no blog do Rica Perrone, em todos os posts, de repente surge um veadinho que se perdeu da mata e diz: “Penta”, ou “Sport” ou “tá no site da CBF”. E sem qualquer motivo aparente, como no post em que o Rica comenta o acontecimento do Couto Pereira. Nada de Flamengo no texto, mas muito sobre o Flamengo na boca dos invejosos.

Pois o Flamengo é isso. Como disse antes, somos o Norte da Bússola. Enquanto o SP é o Jason, nós somos o Fred Krueger. Habitamos o subconsciente dos mortais, aterrorizando e tirando o sono da galera. O Flamengo é isso. Somos a referência e tocamos o terror.
Deixo que digam o que querem. “Esse campeonato foi roubado em favor do Flamengo!”.”É claro que foi!” respondo. “Hexa é só o SP”. “O times ajudaram abriram as pernas pro seu”. “Esperaram 17 anos pra ganhar um Brasileirão” e por aí vai. Concordo com tudo, com um sorriso único de que se emociona com voo de urubu.

Pois “deixe que digam, que pensem, que falem”. Não me importo com o choro. Sei quem e o que é o Flamengo. Conheço os fatos e entendo da minha maneira. Por um tempo, quis convencer algumas pessoas sobre a Copa de 87. Hoje, depois do Hexa, vejo que não há necessidade disso. Vejo isso em como o Flamengo amedronta o restante. Sabem do tamanho do time e tem medo que ele cresça muito mais. Por isso, tentam diminuir o Gigante.

Portanto, deixe que chorem. Podem falar o que quiserem, podem gritar. Façam o que der. Mas já aviso de antemão: jamais conseguirão calar a Nação e o grito de Hexa!

Mengão pegou geral. Botou molecada no chão e a torcida no céu! Mengão é mau. Deixou chegar... deu no que deu!
Valeu aí, Andrade, David, Angelim, Imperador, Pet, Maldonado, Zé Buteco (apelido agora carinhoso), Léo Moura, Juan, Álvaro, Toróshow, Fierro, Airton Monstro, Kléberson, Éverton e todos os outros que vestiram o Manto e ajudaram a botar essa taça na gaveta! Ibson e Sheik, nós não esquecemos de vocês!

É isso, por mais que eu escreva aqui, não consigo traduzir o que estou sentindo.

Valeu, Mengão! Valeu, Nação! Hexacampeão! Com asterisco ou não!

borboletas no estômago

4 de dezembro de 2009
tentei escrever um post, mas não consegui. então, vai uma imagem que diz tudo que eu gostaria de dizer!



Esperado...

30 de novembro de 2009

A melhor forma de paralisar o tempo é unir dois fatores importantes: feriado para alguns e trabalho para você e o desejo de ver o relógio marcar 19h do longínquo próximo domingo.

A ansiedade para ver o Super Mengão Fuderosão Doutrinador Master levantar a taça é algo que transcende a básica noção de tempo. Essa semana, para alguns, durará 17 anos, o intervalo desde o último campeonato brasileiro do Mengão. Para outros, como eu, a semana durará 25 anos.

Em 2006, maltratei com prazer a minha garganta entoando gritos eufóricos e histéricos de campeão quando vi, pela TV, o Maior do Mundo sodomizar o bacalhau e levar sua segunda Copa do Brasil. Em 2007, 2008 e 2009 pude me satisfazer com os campeonatos regionais sendo que assisti os dois primeiros no Maracanã. Mais uma vez, minha garganta levou a pior, assim como nossa fiel cachorrada, vice por merecimento.

Agora, estou fazendo aquecimentos e aprendendo novas técnicas vocais. Tenho até às 19h do domingo, final do jogo, para estar preparado. E, de certa forma, já venho me preparando a 25 anos. Durante esse tempo gritei por títulos menores, por belos gols e por inesperadas tragédias. Eu e os demais 29.999.999 milhões de flamenguistas espalhados pela superfície terrestre estaremos com as gargantas prontas para a maior festa desse ainda novo século: o Hexa campeonato brasileiro!

Sim, parece prepotência e arrogância falar assim antes do jogo contra o Gaymio. E é mesmo! Mas não tenho culpa já que nasci em berço rubro-negro e fui mal acostumado com glórias mil. A sala de troféus do Mengão tem o peso equivalente a de sua torcida. Logo, tal como o cômico Marcio Braga, já estou com a festa preparada.

Fico pensando em algumas tragédias que (vi)vi, como, por exemplo, as derrotas para o América-MEX e para o Patético Mineiro, ambas no Maracanã e por 3 tentos a zero. Hoje, vejo que essas derrotas podem ter sido providências de São Judas Tadeu para que o elenco Rubro-Negro mantenha seus pés no chão, mirando esse momento. E isso me conforta. Sabemos, melhor do que qualquer outro time, que o futebol se ganha no campo. E o Flamengo é o melhor exemplo disso.

A cachorrada corintiana jogou provando o que veio fazer no brasileirão: nada. Sentaram e se recostaram em suas cadeiras após ganharem a Copa do Brasil e Paulistinha, no primeiro semestre. No segundo, cumpriram tabela e ficaram vendo o Ronaldunho em campo, satisfeitos. Basta o adversário ser o impiedoso Rubro Negro Máximo que o time quer fazer alguma coisa. Não, o curintias não se entregou. Ele apenas sucumbiu, como tantos outros, a força rubro-negra. Quer algo mais comum do que isso?

De repente, após anos sendo chamado de "Flalido", "Flavelado" e outros trocadilhos de cunho financeiro, o Flamengo se tornou dono majoritário do Google, Microsoft e Apple. Só assim para explicar como um time que passa de “pobre” para comprador de resultados, times e órgão do Judiciário. Adoro ouvir os complôs que o Mengão está criando. É assim que se percebe o quanto todos tremem diante o Maior do Mundo e se negam a admitir a superioridade da Nação. Precisam de algum outro motivo ao invés de admitir a óbvia soberania flamenguistica.

O Flamengo volta a ser, hoje, o norte da bússola. É para onde tudo e todos apontam. E nessa inerte segunda-feira, o mundo acordou feliz e esperançoso. Agora, tudo depende de nós. Não só do time, mas também da Magnética que não se concentrará apenas no Maracanã, mas também nos lares e bares de todo o Mundo. O Flamengo está no topo da cadeia alimentar, pronto para manter o título de predador máximo.

Passarei a semana inteira solfejando o hino, os cantos da torcida e nome dos jogadores. Enfim, me preparando para aquilo que pode ser o maior grito do mundo: o grito de Campeão!

Deixou chegar, FUDEU!

Água de morro abaixo, fogo de morro acima, bola a rolar e o Mengão quando deixam chegar, ninguém segura!!!

Slightly different

26 de novembro de 2009
Sometimes life simply start to operate in auto-mode, with every little thing been done at the same time and in the same way. That’s not good at all.

Suddenly, life gets cyclical and that already known déjà-vu feeling seems to be everywhere. And absolutely no news things have that “new” pleasure on them.

That’s my life right now. I’m feeling some fucking thing that I already felt before. And I do not like it at all. Especially ‘cause I know the ending of that bullshit old history.

But what can I do? Don’t know how to shut this insistent auto-mode. So, I guess that I just have to keep feeling the already felt and expecting the past become the present in the near future.

Gotta practice more my english.

Theme song: Darkness, by Disturbed. Will not put the song or the lyrics here. After all, you ARE on the internet. So that should not be a big problem.

Complemento

19 de novembro de 2009
No post abaixo eu falei que não gosto do Correio Braziliense, correto? E, também, sobre a parcialidade jornalística, mesmo numa notícia irrelevante.

Pois bem, hoje, em minhas leituras matinais, comecei a gargalhar com uma frase de uma das matérias do jornal candango na web. Não vou comentar muito pois acho que o post abaixo já expressa a minha opinião. Se não, pelo menos dá uma idéia. Se não der, conclua você mesmo. E se não tiver afim... bem, fazer o que?

Título: Adolescentes cada vez mais violentos

Sutiã: Quantidade de processos de homicídios e de tentativas de assassinatos praticados por menores dobrou em 2009

Primeira e segunda frases do parágrafo inicial: Pedro fumou maconha pela primeira vez aos 14 anos. Aos 17, matou.

Última frase do primeiro parágrafo: A história de Pedro é uma entre centenas de outras.

Link da matéria.

jornalismo....

17 de novembro de 2009
Quando sua empresa decide realizar uma entrevista de emprego para, digamos, estagiários em jornalismo, pode acreditar: aparecerão competentes e incompetentes. Alguns virão de terno. Outros, de camisa social e jeans. Podem pintar também camisas de futebol, de bandas e quem sabe, até um abadá. Mas o fato é que aparecerão vários níveis de profissional.

Como acontece em tudo hoje em dia, se você der espaço para o “povo”, ele utilizará esse espaço. Vide as tão populares ferramentas da internet (Orkut, Twitter, MySpace, Flickr etc). Liberou, geral tá lá! E em cada uma dessas ferramentas estão as duas faces da moeda: os bons e os ruins. Eu, por exemplo, estou “Following” os twitters do Danilo Gentili e do Veríssimo. “Promissores”, pensei. Eu dei um “Unfollow” no Veríssimo há mais de mês. E estou quase fazendo o mesmo com o Gentili. O primeiro falava demais, não tinha saco pra ler tudo. Putz, ele queria um blog! Não dá, né?! E o Rei do CQC é incrivelmente chato, sem-graça, falso-inteligente e cada vez mais arrogante. Mas estou dando outra chance.

Outros Twitters, como, por exemplo, dos Irmãos Brain ou José Rezende Jr. Ou do SAC Divino foram gratas surpresas. Bom número de atualizações, conteúdo interessante e engraçado. Tudo que eu quero.

Ao liberar o acesso, apareceram dois tipos de informações: as que você gosta e as que não. Simples e fácil assim. Claro, o Gentili e o Veríssimo continuam com altíssimos níveis de “Follow”. O que implica no óbvio: há quem goste. Quem não, “Unfollow”.

Toda essa tagarelice é para ilustrar sobre a notícia de uma nova “ferramenta aberta a todos” na internet. O YouTube lançou o YouTube Direct, que é basicamente um canal de jornalismo feito por usuários. E como todo mundo é jornalista (e cozinheiro), é um canal de jornalismo feito por todo mundo.

Curioso é a notícia. Estava no G1 com assinatura da Reuters. O legal mesmo é o tom da notícia. Ela começa com uma afirmação negativa: “Celebridades, tenham cuidado: o YouTube está facilitando ainda mais para que qualquer pessoa com uma câmera transforme o seu comportamento — seja mundano ou sensacional — em notícia.”

Mas não para por aí. O melhor é esse: “Não se trata somente de celebridades, é claro. Muitos portais de notícias procurarão cenas de desastres, por exemplo, ou comportamentos agressivos em encontros políticos.”

Depois de ler a notícia, fiquei pensando não na ferramenta, mas no que havia motivado esse pessimismo com relação à ferramenta e seus usuários. O estranho é que a assinatura não é do G1. Ou seja, a Reuters está inconformada com a abertura do jornalismo. Será? Ela possui sucursal no Brasil, então não sei se é a Internacional que disse forma. Ou será que isso não foi dito e o G1 fez “leves” mudanças no texto?

Interessante assimilar que o que será aberto para tudo e todos, não trará nada além de estúpidos paparazzi, fait-divers ou jornalismo gore.

De qualquer forma, a tão condenável parcialidade que pregam os livros e professores é simplesmente ignorada quando o assunto é algo que lhes afetam. Eu nunca fui a favor da imparcialidade, já que acho isso impossível. Mas sou a favor do bom jornalismo. E isso, dessa forma, por mais besta que seja a notícia, não é exemplo de um bom jornalismo. Talvez devessem esquecer um pouco a queda do diploma e começar a mostrar o motivo dele ser importante.

Ah... quer ler a notícia? É só clicar aqui.

Bolas pra fora

12 de novembro de 2009
Quase nunca entro no site do Correio Braziliense. Não gosto das reportagens. E quando acho que alguma pode ser interessante, o primeiro parágrafo já começa a me deixar impaciente. Além de ter uma coisa que me irrita: as fotos nunca ampliam!

Bem, nas poucas vezes que entrei, vi mais uma das extensões do caso Geisy Vs. Uniban (atualmente mais conhecida como Unibambi e Talibam). Peladões, os (des)ocupados alunos da UnB protestaram no Campus da Universidade. Confesso que não li a matéria. Não consegui. E confesso que quis ver melhor a foto. Também não consegui.

Fiquei pensando nesse caso, ainda muito mal explicado. Primeiro, não concordo com a expulsão da dama de vermelho. Não dessa forma, pelo menos. Se ela era tão problemática, isso já não deveria ter sido feito? O segundo ponto é que não acho a roupa seja imprópria para a faculdade. Cada um veste o que acha melhor. Claro que não é a festa do Latino. Acho inapropriado que apareça, por exemplo, alguém com sexuais roupas sados-masoquistas ou casal com uma mulher na coleira, como rolou na Inglaterra há algum tempo. O que você gosta de fazer em casa não é exatamente uma informação necessária para todos. São padrões sociais que ajudam a manter certo nível nessa sociedade desnivelada.

Andar pelado em casa tem problema? Com as janelas fechadas, não. E usar uma roupa razoavelmente insinuante? Se a pessoa que usa não se incomoda com os olhares poeteiros e/ou de julgamentos invejosos, também creio que não. Porém, torno a insistir na diferença entre um vestido curto e um decote pornográfico. Além de afirmar o óbvio: nada justifica a reação dos Unibambis.

Os alunos da UnB tiraram a roupa. Segundo a reportagem, eles “afirmaram que o protesto era contra o machismo, a homofobia e a favor da liberdade feminina”.

( - Não entendi o argumento, Thiago Marinho, coordenador do centro acadêmico de ciências socias da UnB e um dos organizadores do protesto. Me explica?

- Claro, Thiago de Mello Bezerra, dono desse blog e sem nada melhor pra fazer do que criticar e postar. É o seguinte, “a gente puxou o ato para mostrar que o corpo que a gente usa é uma forma de expressão, que deve ser respeitada. Cada pessoa tem uma forma diferente de se expressar."
- Ah tá. Então é isso. Cada um se expressa da forma que melhor entender já que o corpo é de cada um! E a melhor forma de se lutar contra o machismo, a homofobia e pela liberdade feminina é tirando a roupa!

- Isso mesmo, rapaz! Você aprendeu! Agora, tire a roupa! )

Estranho. Mesmo com a explicação, algo não encaixa. Sei lá... me parece que o problema em relação aos vestido é a liberdade de usar o que quer, respeitando os demais. E não saindo como bem entender, quebrando algumas convenções sociais. Talvez eu esteja sendo quadrado. Afinal, eu não estudei na UnB. Na dúvida, tire a roupa.

Ao que me pareceu, os alunos da Talibam são meio primatas. Quem mais conseguiu ouvir a música de 2001, uma Odisséia no Espaço durante o vídeo?! Eu ouvi claramente. E ainda consegui visualizar um osso na mão dos homens-primatas, ao invés do celular.

Não discuto se a mulher é santa ou não. Não sei. Acho que ela deve, no mínimo, ter feito algo. Aliás, prefiro acreditar que ela tenha feito. É melhor do que imaginar que aquelas “pessoas” simplesmente surtaram ao ver aquele vestido vermelho, como bois tarados de um desenho animado. Seria uma regressão social e humana. Não... ela fez algo! Tomara.

Um futebolzim...
Como bom flamenguista, ontem torci para o Sport! Tive que fazer a minha parte e secar o leitãozinho no chiqueiro. Acabei o primeiro tempo com sorriso de orelha a orelha, imaginando o que o Mengão Fuderosão Doutrinador estaria guardando para o domingo. E mais feliz ainda vendo toda a qualidade técnica do Muricy Ramalho, um deus para a mídia.

O futebol, esse tão valorizado pela imprensa, está cada vez mais ridículo. Palmeiras era o time que tinha quilos de gordura para queimar quando o Luxemburgo estava comandando o time. Saiu. Veio o interino. Ganhou jogos. Também saiu. Para administrar a ponta na tabela e a gordura do porquinho, chamam o Muricy.

Hoje, o Palmeiras está até com a Libertadores ameaçada. Caso o Fuderosão, a bambizada e o galinheiro façam sua parte, o porco se atola ainda mais na lama: fica 4º. No segundo tempo, aquela coisa, igual ao primeiro e igual desde quando o Muricy chegou e igual desde quando o Muricy comandou o São Paulo. Bola pro mato e chuveiro na área. Só que, diferente dos bambis, o Parmera não tem volantes nessa reta final de campeonato. E não tem zaga capaz de segurar a pressão. Tem o São Marcos no gol. Mas uma andorinha só não mata o Leão de chácara rebaixado. Quando subia pra tentar o gol, o Parmera abria tudo. Nos contra-ataques, veio o Sport. Gol e Gol. O que faz o Muricy? Nada! Armou um time, em casa, pra jogar covardemente. Esperando que baixe um Aloísio no Obina e venham as jogadas de pivô e gols de cabeça. Previsível, muito previsível. Claro que os jogadores não colaboraram. Edmilson nem de longe lembra aquele jogador da Seleção ou do Barcelona. O Diego Souza, desde que saiu o Cleiton Xavier, faz nada. Aí fica fácil. O Cleiton chamava a responsabilidade, abrindo espaço para o ex-Mengão. Agora que é ele sozinho, cadê?

Não fosse a expulsão infantil, o Parmera perdia. O juiz deu uma Simon e cagou no lance. Pena pro Sport, que rebaixou. Pro timeco porco, o empate é tão ruim quanto a derrota.

Só como ver como serão os próximos jogos do Melhor Técnico do Brasil.

E pro Mengão, o resultado é bom. Falta só fazer o dever de casa. E como diz a Magnética, cheia de razão: Deixou chegar, FUDEU!

Por enquanto...

30 de outubro de 2009
Você pensa que ao passar o dia em casa, consiguirá escrever. Mas não é bem assim! No começo fiquei empolgado com o tanto de coisas que (não) tinha pra fazer: coçar, navegar desenfreadamente pela web, programação da TV a cabo, milhares de DVDs ainda não assistidos, fases no Play 3, downloads e mais downloads, acordar tarde etc. É muita coisa... que é feita em meia hora.

Agora não tenho muito o que falar. Bem, tem essa minha troca de emprego. Mas é coisa simples: não gostei de uma situação, procurei outro e consegui. Mas aproveito para agradecer o apoio de muita gente nesse hora. Foi foda, mas conseguiram me manter animado para buscar outro. Principalmente o pessoal do MDS! Valeu, galera. Vocês foram fundamentais. Já disse isso a eles, mas reafirmo: me disseram que sou um bom profissional. Mas isso só foi possível pq fazia parte de uma equipe ótima! Paz e sorte pra todos vocês!

No mais, não há muito o que se falar! Então, vai um videozinho! Assistam! Sério! Eu me acabei de rir! Vi na TV, há muito tempo, e lembrei dele hoje, durante meuas afazeres! Hilário! Terry Crews é um dos caras mais engraçados que já vi!



Não há muito o que falar! Lindo! Histórico! RIO 2016!!!

2 de outubro de 2009



























































































































Yes We CRÉÉÉÉU!

Rock War

23 de setembro de 2009
Um dos pontos altos de Apocalypse Now (de Francis Ford Coppola) é a trilha sonora. Mais especificamente The End, do The Doors. A música se funde com as explosões, com a expressão de Martin Sheen. O resultado é um dos melhores momentos do cinema de guerra.

A guerra do Vietnã é a “responsável” por muitos desses filmes. E é minha guerra favorita, cinematograficamente falando. Filmes sobre a primeira e a segunda world wars abordam mais a realidade e crueldade das batalhas. Questões nazistas ou territoriais e histórias particulares ou de pelotões.

Já a terra dos “charlies” traz questões mais humanas. Compare, por exemplo, o já citado Apocalypse Now com O Resgate do Soldado Ryan (de Spilberg). Ou Nascido Para Matar (de Kubric) com o A Lista de Schindler (também de Spilberg). As abordagens são bem diferentes.

A guerra do Vietnã foi a mais estúpida guerra moderna, bancada por ufanismo e ganância. Além disso, a potência perdeu o confronto, o que mostra o quanto não havia pelo que se lutar. Enquanto guerreavam, nos EUA surgiam protestos, mais protestos, hippies e guitarras elétricas. E aí o rock foi ganhando força e significado. A música atravessou o oceano, chegando aos ouvidos dos soldados, carentes de informação e alternativa. O rock virou a voz do protesto. E começou a ser criado como protesto.

No ótimo Soldado Anônimo (de Sam Mendes) a temática lembra a guerra do Vietnã, quando comparada ao (falta de) motivo. Porém ainda diferente. Após os intensivos treinamentos (o começo do filme, inclusive, é uma homenagem ao Nascido Para Matar. Com direito a música sobre armas), não há confronto com o inimigo. As armas estão carregadas e destravadas, mas não em quem atirar. O filme deixa de lado a crueldade da guerra para abordar o psicológico. Talvez por isso esse filme seja, pra mim, um dos melhores de guerra já feitos. E o mais engraçado é que em momento algum há guerra.

Enfim, em determinado trecho, um helicóptero corta o céu, entoando as músicas temas do Vietnã, no caso, The Doors. Um dos soldados questiona: “Isso é música da guerra do Vietnã. Qual é a nossa música?”

Uma pergunta interessante. Qual será a música tema da próxima guerra. Qual será o rock que protestará a ganância e estupidez? Acredito que haverá um country sulista norte americano incentivando a bravura dos soldados. Mas com qual moeda será dada o troco?

É o rock hoje que me faz perguntar isso, meio que complementando o post abaixo. Se é que haverá rock na próxima guerra. Talvez um hip hop tenha mais espaço hoje.

Fica a dúvida.

Desabafo roqueiro...

21 de setembro de 2009
Depois de muito tempo, voltei ao Porão do Rock. Só tudo estava diferente. Deve ser por que este foi totalmente diferente dos anteriores. Geralmente o Porão rolava no estacionamento do Mané Garrincha. Lá tinha mais cara de rock, tinha algo de “O concreto já rachou”.

Meu deixou incomodado o fato de ninguém ser revistado ao entrar no Festival. Milhares de pessoas de preto, Lady Gagas do metal, com bolsa e mochilas poderiam estar com arma ou faca, por que não? Vai ver entrou nenhuma. Porém, entraram garrafas e mais garrafas de vidro, que foram reduzidas num cerol sem cola que cintilavam na grama amassada. Achei curiosa a segurança oferecida. No aniversário de Brasília, aberto a tudo e todos, foram registradas cerca de vinte facadas. Foi no mesmo local e basicamente do mesmo jeito. Por que e para que aprender com o mesmo erro?

Foi apenas no sábado. Queria ver o Eagles of Death Metal, o Sepultura e, se eu aguentasse, o Angra. Acabei que saí antes da metade do show do Eagles, que era primeira grande atração do Festival.

Não lembro os nomes das outras poucas bandas que ouvi, graças a um bloqueio cerebral preventivo. Tirando uma, que infelizmente não consegui esquecer o nome: Elffus. Confesso que estava esperando algo em torno de metal melódico com influência de música celta e letras élficas, baseadas em Tolkien. Mas não. Foi uma banda de posers, misturando garage rock com hard e pinceladas de trash. Quando subiram ao palco, o som de abertura não foi ruim. Mas aí, chegou o vocalista. Ah, o vocalista, criatura cada vez mais rara na selva de riffs. Alguns dizem que está extinta. Outros, que se escondeu com o Pé-grande ou com Monstro do Lago Ness.

E foi mais ou menos a partir daí que comecei a ficar muito incomodado. Não era só o som, eram as pessoas. Fiquei triste vendo o que estava acontecendo com o rock. Sempre falei que o rock não está morrendo. Que ele está apenas confinado em garagens pelo mundo, esperando uma brecha para chutar o traseiro do conformismo e da monotonia. E ainda acredito nisso. Só que parece que há, principalmente em Brasília, uma vontade de minimizar e destruir o rock.

Olhava aqueles moleques fazendo merda. Gritando, arrontando, quebrando garrafas, se jogando no chão, rolando, se machucando, bebendo como se a vida deles dependesse disso. Esbarravam em outras pessoas e achavam legal chamar atenção. Faziam questão que todos vissem que estavam bêbados. Ou que não se importam com a lei. Não basta ser roqueiro, tem que escancarar.

Fiquei pensando o quanto eu gosto de rock. O quanto eu queria viver de música. Mas ao mesmo tempo, pensava: “se for para ter esses pequenos animais no meu show, prefiro não tocar”. É incrível como um festival de rock me deixou menos roqueiro!

Na verdade não é bem isso. Percebi que amo o rock. Gosto de samba, jazz, blues, música clássica etc. Mas é o rock que faz o sangue pulsar mais forte! Mas não é possível que o maior estilo musical do mundo esteja reduzido àquelas pessoas. Não pode ser.

Sumiu a essência. Ficou a imagem de quartos destruídos, vômitos asfixiantes e pulos de telhados. O rock deixou de ser um ideal, a trilha sonora de uma causa, para se tornam uma razão bastarda para ser um idiota. Mensagem? No palco e na platéia. E dá-lhe o cowboy from hell estereotipado da Elffus falando mal do senado. E dá-lhe moleques diferentes dos demais e iguais entre si, virando paladinos dos direitos políticos e sociais, empunhando dedos médios afiados para o centro político do Brasil. Dá-lhe palavras perdidos no vácuo da vazia nova ideia de ser roqueiro.

Do rock, restou apenas a ressaca. Já disse antes, há tempos Brasília deixou de ser a capital do rock. Nos anos 80, a política está nas letras. A música era o primeiro passo da luta. Posso estar sendo poético demais, já que nunca vi isso. Me dei conta que sou gente apenas em 94. Mas não consigo aceitar que a pureza do rock se converteu nessa idiotice de pessoas que “falam demais por não ter nada a dizer”.

Falta atitude. E não digo de ficar bêbado e sair quebrando portas por aí. Falta a atitude de bancar o que diz para milhares de pessoas. Falta atitude de concordar com o que ouviu e ir atrás do que deve ser feito.

Pode parecer hipocrisia minha, que não costumo encabeçar lutas e protestos. Mas a questão é que eu não me escondo atrás de ideais de outrora, fingindo ser o que não quero ser.

Na perpétua novela global, Malhação, na abertura, há dois roqueiros feitos em computação gráfica. Elas são punks, com cabelos coloridos, roupas rasgadas, e pose de Billy Joe Armstrong e estilo de Jimi Hendrix. A música é da nova onda, um pop-punk certinho, para uma novela politicamente correta, com pessoas super fashion, vazias e irrelevantes. É incrível como essa novelinha pareceu captar, na abertura, para onde o rock está indo.

Pra fechar!

18 de setembro de 2009
A minha primeira proposta para melhorar a qualidade de vida de nós, trabalhadores, é que a segunda-feira comece às 13h e que sexta termine também às 13h. Acho que seria melhor para todos. O domingo não teria (tanta) cara de domingo e o aguardado descanso sextafeiral chegaria mais cedo.

A minha segunda proposta são pausas no trabalho. Mas não como estou fazendo agora. Acho que podia rolar um direito de cada funcionário poder tirar 30 minutos em cada período para relaxar. Relaxar mesmo. Poder pegar o fone de ouvido ou assistir um episódio de South Park sem medo de represarias. Fora da sala, claro. Acho que ajudaria mais na produtividade e na qualidade de vida.

Suponhamos que isso existisse. Essa hora, numa sexta-feira, pretendia estar no Pôr-do-sol, matando esse calor candango com uma Antártica bem gelada! Se fosse pela manhã, eu iria assistir ao breve trecho de O Grande Ditador: o discurso de Hinkel!

Pois é. Tudo isso que eu disse foi apenas para chegar até aqui. Nariz de cera? Não sei! Mas vamos lá!

Depois da dança com o globo e do belíssimo discurso de Chaplin, apresento a minha terceira parte favorita do filme, fechando as “análises” em cima de O Grande Ditador. O discurso de Hinkel é um dos melhores momentos do filme, um dos mais engraçados. É como Chaplin mostra que sabia fazer humor como ninguém.

Não há muito que dizer sobre a cena, a não ser que ela é uma das melhores cenas de comédia já feita. Principalmente pela simplicidade.

Não seria nada mal poder tirar um descanso da rotina adulta assistindo Chaplin. Nada mal, mesmo!



Little bird on the web

15 de setembro de 2009
Lembro bem quando chegou à internet na minha casa. Ainda morava no Jardim Botânico seis, na melhor casa que já tive. O computador ficava em quarto algum. Ele estava montado no segundo andar da churrasqueira, que era um salão de jogos e vídeo. Internet discada, claro.

Rezava horrores para que ninguém ligasse enquanto eu estava conectado no Bate-papo da UOL. Agora que tento me lembrar, acho que somente fazia isso. Não conhecia sites. Meu email foi criado um tempo depois (Zipmail, cuja garota propaganda era a Luana Piovani. Detalhe irrelevante). Era isso, apenas o bate-papo.

Me apresentava com o nome de Tom e nisso, conheci muita gente. Garotas, principalmente. Porém nada de mais. No máximo rolavam algumas palavras por telefone. Teve uma vez foi a uma festa de uma dessas garotas, lá no Cruzeiro (para quem conhece, me acompanhou o Manda Mal!). Outra vez, foi ao shopping. Mas nessa, saímos correndo. Hahahaha! Mulek é foda!

Hoje os tempos mudaram muito. Nascemos na época dos constantes revoluções. Acho que o dia que eu encontrar uma internet discada nem saberei o que fazer, ou me morderei de tanta raiva! Agora o lance é você ser a internet. Perfis, pensamentos, alter-egos virtuais, contatos eletrônicos. A internet é um mundo tal como sugere o Avatar, nova empreitada de James Cameron.

Li uma coluna bem legal no Omelete, da Luciana Tuffolo, que se chama Poison On the Rocks (adoro o nome). Enfim, nela há um espaço para perguntas e respostas dos leitores. Numa das perguntas indignadas (as mais comuns, como sugere o nome do espaço), críticas sobre a defesa de Luciana ao Twitter, bem fundadas, até. A resposta é básica e resumirei: é interessante desde que se saiba usá-lo.

Não mistério nisso. Tudo é bom desde se saiba como utilizar. Porém, de tão óbvio parece que passa despercebido do popular, na qual eu estava incluído até alguns dias atrás.

O Twitter é um novo caso. Já foram discutidos, ignorados, crucificados, canonizados, sei lá, várias coisas da internet: rede de relacionamentos em geral, mensagens instantâneas, blogs, mundo virtual (Second Life) e, provavelmente, outras coisas das quais não lembro. A moda agora é o microblog. Mas por quê?

Acho que é o limite de 140 caracteres: “Como pode ser bom algo tão pequeno?”. Bem, olhe para o Romário! Rá! Brincadeira! Mas acho que é isso, até Poe que eu pensava assim. Acho que a beleza está no poder de síntese. Existem uns chatos que acham que todos estão interessados no que pensam a cada cinco segundos. Vai com calma, mané!

(me veio à cabeça um trecho de uma música que adoro. Acho que se encaixa para essas pessoas que twittam mais do que devem:


nem todo conselho é bom
nem todo automóvel táxi
nem todo sopro é de sax
nem todo filet mignon
nem toda arte é um dom
nem todo voto é secreto
nem todo amigo é discreto
nem todo batuque é samba
nem toda casa é de bamba
nem todo malandro esperto)

Acho que na internet, cada pessoa tem o seu perfil. Não digo de Orkut, Facebook ou outro, não é nesse sentido. Por exemplo, o meu perfil é de ler blogs de curiosidades e humor (e filmes, mas acho que nem precisava dizer isso). Vendo algo interessante neles, twitto. Outras pessoas se interessam por políticas, por exemplo. Tem aqueles que curtem assuntos científicos. E por aí vamos, agregando pessoas-assunto, que são informações que você gostaria de ler. Muitas vezes o assunto É a pessoa. Talvez aí, o exagero de alguns.

Vejo o Twitter como um RSS pessoal. Não é coorporativo (mas pode ser), no meu caso. Me interesso pelo que meu followings se interessam, gosto de ler uma notícia diferente e de saber como ou o que estão fazendo. E vai por aí. Alguns se deixam levar por um narcisismo 2.0. Mas são casos que podem ser resolvidos com o clicar de um botão. No final das contas, a única coisa que interessa é como você se satisfaz com as possibilidades que tem na mão.

Criticar a ferramenta por sua “inutilidade” é meio que assumir que você não faria dela, algo útil. Afinal, se você decide o que ler, quem acompanhar ou desacompanhar, como “ela” poderia ser ruim?


Não é blá-blá-blá

11 de setembro de 2009
Queria poder assistir antes de comentar algo. É bom escrever enquanto a emoção ainda está na pele, na cabeça e nos olhos. Mas fazer o que?

Acho que monólogos não são muito comuns no cinema. Ou, talvez, eu que não tenha assistido a muitos filmes que tenham. Mas consigo enumerar alguns que eu gosto muito. Por exemplo, adorei, ainda mais na voz de Peter O’Toole, o discurso final de Anton Ego, em Ratatouille (Olha o gênero Pixar, aí!). A voz em sintonia com as belas imagens de França criadas por computador forma um par perfeito para o monólogo final.

Outro que me deixou em êxtase é o discurso em frente ao espelho de Edward Norton, em A última hora, de Spike Lee. O discurso americano preconceituoso que expões as feridas e ódio remanescente de 11 de setembro. Que é hoje, inclusive.Rá! A crítica social, tão comum no filmes de Spike Lee, é quase tátil quando Norton lê e responde ao Fuck You! que estava escrito no banheiro dum pub. Inclusive lembrei de algo que pode atrapalhar a beleza sincera da cena. A cena de Meu nome não é Johnny, quando o cara da prisão, grita: Fóqui iú, fóqui tu fóqui évribari! Hehehehe. Foi mal. Enfim, em linhas tortas, a cena de Norton segue esse padrão. Foda-se o mundo!

Há um belo discurso final no totalmente interpretativo O Último Selo, do falecido Ingmar Bergman. A conclusão do final no discurso da única pessoa pura daquela trupe muda os ares do filme. O ator era o único que via as coisas como realmente são. E viu o que aconteceu com os infiéis, descrentes, pecadores. Um bom filme que ganha beleza ainda maior nas palavras finais emocionadas e artísticas. A cena do jogo de xadrez é a imagem clássica do filme. Porém, é o discurso final que, para mim, coloca a obra de Bergman entre os seletos filmes obrigatórios para se assistir.

Mas não jeito. Nenhum deles conseguiu me fazer sentir tanta coisa ao mesmo tempo do que o impecável monólogo de Chaplin em O Grande Ditador. Magnífico em todos os sentidos, o ator/diretor/produtor/músico/poeta Charles Chaplin passa uma mensagem capaz de levantar qualquer astral. Nela, pode-se recuperar a fé na humanidade. As palavras enchem qualquer de força para lutar. Os olhos não se aguentam com as belas imagens e emoção no rosto simpático do Vagabundo. Os ouvidos ficam aguçados ouvindo toda e qualquer palavra que é dita com embriagante emoção.

O Grande Ditador termina num misto de esperança e orgulho. A esperança vem das palavras de Chaplin (digo de Chaplin pois quando o Vagabundo Carlitos sobe no palanque e começa a falar, não sei como, mas o personagem parece inexistir e tudo que vejo é o ator inglês, apaixonado pela arte, declarar uma ode à humanidade). O orgulho é de poder assistir a algo tão sincero. Só de pensar, já fico feliz.

É isso. Não acho que a cena isolada represente o que deveria. Mas tudo bem. Abaixo, o melhor monólogo da história do cinema!


"When there is no more room left in hell, the dead shall roam the earth"

4 de setembro de 2009
Estou, aos poucos, elegendo quais são meus gêneros favoritos no cinema. Lembro que na época de Sobre Meninos e Lobos e 21 Gramas eu estava viciado em dramas. Comprava muitos e assistia a todos os que podia no cinema. Porém, numa noite em que assisti Monster (com a Charlize Theron) fiquei sedento para assistir alguma comédia. É chato dormir com um filme desses na memória. Mas não tinha comédia! Eu só comprava filmes dramáticos! E agora?

Rapidamente, mudei o foco. Vieram as comédias. Jack Black, Jim Carrey, Ben Stiller. Todos e mais um pouco. Até me deparar com uma sugestão da revista Set: Shaun of the Dead! Ah, minha vida cinematográfica nunca mais foi a mesma depois de conhecer Simon Pegg e Nick Frost. E claro, o diretor por trás de tudo, Edgar Wright! Não só o humor inglês fascina, mas a simplicidade dos personagens. São homens como qualquer outro. Gostam de cerveja, videogame com os amigos, riem com peidos, erram com as namoradas. Só que quando são colocados numa situação de risco, continuam sendo homens como qualquer outro. Bebem, videogame, flatulências e risadas, erros. Não viram heróis. Por mais que tentem, não incorporam um Harrison Ford, que rapidamente deixa de ser um homem comum e se torna numa máquina de destruição com a força de Rambo e a sagacidade de Paul Kersey (Charles Bronson em Desejo de Matar).

Porém, a cereja do bolo são os zumbis (Ou a palavra q começa com Z. “Why can’t I say Zombie?” “Because it’s stupid!” Rá! Genial!) e tudo que vem com eles. Sangue, tripas e gemidos. Eu não sabia na época, mas Shaun of the Dead seria um dos filmes que mais influenciaria meu gosto pela sétima arte!

Aos poucos, fui buscando informações sobre o vasto universo de Zombies. A começar com George Romero, o pai do gênero. Bons filmes de mortos-vivos têm que ter o gore, violência. Porém, o que marca é o que está por trás dos corpos mutilados e baldes de “sangue”. Shaun... tem, como comédia, uma mensagem que eu entendi da seguinte forma: não adianta estar cercado por Zombies. Isso não vai te fazer um homem melhor!

Baseado em Dawn of the Dead, segundo filme da hexalogia de mortos-vivos de Romero (mais tarde regrava por Zack Snyder), quando o mundo é tomado pelo vírus, os poucos não infectados pela fome de carne humana correm para onde? Para o shopping. E o que fazem? Consomem tudo que podem e querem bens materiais. Mesmo num mundo apocalíptico. Em pouco tempo, não há mais como sobreviver no shopping. Deve-se buscar outro lugar para fazer tudo de novo. E esse é só um exemplo. Na primeira parte da hexalogia The Night of the Living Dead, a abordagem é sobre racismo e instinto de sobrevivência!

Mas é claro que não são todos os filmes que possuem críticas sociais como pano de fundo. O perfeito Fome Animal não passa de um filme puramente gore. Nem por isso deixa de ser um dos melhores filmes do gênero! (I Kick ass for the Lord! Antológico!)

Não digo que meu gênero favorito são os filmes de zombie, gore ou críticos. Até por que acabo de criar um gênero que muitos compartilham e que é um dos melhores de todos os tempos: o gênero Pixar! Apenas o trailer de Up! já mostra que o filme é memorável.

Mas com certeza os zumbies mancos, babões e com fome de cérebro está no meu Top 5!!

Primeiro passo! E com Charles Chaplin!

1 de setembro de 2009
Como parte do projeto “Rá! Agora vai!”, resolvi aumentar meu número de atualizações no blog. E atualizações sobre cinema. O primeiro passo é simples. Vou colocar, semanalmente, um vídeo ou sugestão de filme ou qualquer outra coisa que tenha haver com movies. Desde experiências próprias até chutes sobre algum filme.

Para começar, acho que posso falar um pouco sobre essa minha paixão. Bem, amo cinema! Isso é suficiente?

Quando moleque, na época dos longos cabelos rebeldes sem causa (admito, tentei diminuir um pouco o volume usando alguns cremes. Ui!), eu era bem mais chato do que sou hoje. Acredite, é possível. Parte da chatice era por sempre procurar sempre algum motivo para qualquer coisa. Eis que em minhas discussões acaloradas sobre Metal X Axé, me deparei com uma pergunta sem resposta. Já aviso que a pergunta não era lá essas coisas:

Como se consegue ouvir axé sendo que as letras são, basicamente, estúpidas?

Minutos depois, pensei: Porra, mas eu curto Raimundos!

Pois é. Por muito tempo procurei uma resposta que massacrasse o ritmo baiano sem que me deixasse mal na fita por gostar das baboseiras sexuais e dopadas dos Ramones Brasileiros. De repente, a luz: por que deve haver um motivo para tudo? Tal como a química entre namorados, amigos e casais. Simplesmente há. Claro que existem fatores que fortalecem a relação, sejam eles a risada, o charme, o cheiro, a pele, o sexo, as brincadeiras, a sinceridade ou por qualquer outra coisa, totalmente pessoal. Porém, tudo isso sem química nada mais é do que um sentido qualquer. Paladar, tato, olfato etc isolados.

O meu gostar de cinema segue as mesmas tendências acima. Rolou uma química. Por quê? É pessoal, individual, sugestiva. Tenho certeza que você gosta de cinema de uma maneira totalmente diferente. E isso não significa que goste mais ou menos do que eu.

Onde quero chegar? Simples, as coisas acontecem. Seja por qualquer fator, não importando qual seja.

Explicado? Então vamos lá! A primeira cena pra essa primeira investida em parte do “Rá! Agora vai” é uma das cenas mais belas da história cinematográfica. O diretor é simplesmente o melhor diretor de todos os tempos: Charles Chaplin!

O momento antológico é a dança com o globo mundial, em O Grande Ditador. Para mim, uma das obras primas da comédia e do drama (sim! Drama!). Não considero como uma comédia dramática. Pelo contrário. Existem, sim, pequenos trechos dramáticos na produção, porém, eles não se “unem” ao ponto de estabelecerem uma simbiose de gêneros. O drama está na cena da dança (engraçada, de fato. Mas também triste quando se lembra do que aconteceu naquela época e se percebe a simbologia da cena) e no discurso final, que em breve estará aqui. E já adianto que é, novamente, para mim, o melhor monólogo do cinema!

Chaplin foi um gênio. Pensando apenas em O Grande Ditador, o filme une tudo que torna o cinema algo apaixonante: A brincadeira, a risada boba, a emoção, os personagens apaixonantes, o humor popular, o humos culto, a dramaticidade e, principalmente, a sinceridade. E sinceridade, essa, que fez com que Chaplin fosse perseguido pelo Macarthismo por conduta socialista.

Enfim, fica a cena. Espero que aproveite.


"Rá! Agora Vai"

26 de agosto de 2009
Muitas coisas estão por aí, perto de começar. Por exemplo, dei início ao projeto Saúde 2.5! O número tem mais de um significado. Além de ser minha idade, deve ser a vigésima quinta ver que começo um projeto saúde. Mas pretendo (assim como em todos os outros) vingar nesse. E tenho, já que paguei pelo plano semestral. Me disseram: “que bom. Seis meses garantidos de academia”. Eu disse: “Na verdade, são seis meses garantidos de pagamentos!” Mas vou me dedicar.

Outra coisa que está pronta para começar é a arrancada do Mengão no Brasileirão. Vou aguardar!

Em pouco tempo, talvez daqui uns 4, 5 meses, acho que lanço mais um projeto. Será um site!

Tem outro, que é um projeto eterno, que é a música. Já estou de olho numa linda snare 7''x13''. Veremos no que dá!

O somatório de isso tudo e de mais algumas coisas resultará num único projeto, que engloba todos. É viver a vida da melhor forma possível. Logo, a academia é para emagrecer, ter saúde e NÃO para de curtir, ficando bitolado. E rapidamente, o meu Mengão irá engrenar. Acompanharei tomando as minhas cervejinhas, que serão anuladas com a academia, junto com amigos! O site será um trabalho na área que gosto. A música dispensa comentários. Ou seja, tudo isso está voltando para um único ponto: Um Piruka mais feliz!!

O nome do projeto maior é: "Rá! Agora Vai"!

Emagrecer (Funny)

18 de agosto de 2009


Post nº 102 (sem criatividade para um título)

12 de agosto de 2009
Pois então, já está na hora de atualizar o meu Fre@k online.

Posso começar dizendo que não falta assunto, isso não quer dizer que escreverei muitas coisas. Enfim, essa semana coloquei na minha mensagem do Gtalk, “O mundo é louco”. Alguns me perguntaram o motivo de descabida e vaga informação. Respondi a todos: “não sei. Acho que é”. Está na hora da explicação.

Além de todas as merdas que continuam acontecendo, como essa gripe porca, que mostra o quanto somos frágeis, despreparados e convencidos (nem uma gripe conseguem conter); esse medo de guerra nas Américas; crise, crise, crise que não chegou aqui, mas que as grande corporações (sempre elas) gostam de ficar martelando; Senado e Sarney e a apatia da população que fica apenas reclamando e comentando isso em seus blogs, achando que é suficiente, ao invés de mostrar a força; além de todas as insanidades que enchem os olhos dos jornais carniceiros – roubo, assassinato, estupro, morte – do dia-a-dia entre os homens. Mas ainda assim, me equivoquei. O mundo não “é”, ele “está” louco. Afinal, só pode ser loucura conviver com tudo isso, diariamente e achar que tudo isso faz parte da realidade. Não faz. É só uma realidade momentânea, tenho certeza. Um dia, há de acabar. Não creio que estarei aqui para ver isso. Acho como acho que ninguém mais estará vivo para ver isso. Só assim mesmo.

Bem, profecias pessimistas a parte, estou com muitas ideias na cabeça. Pena que falta aquela coragem para correr atrás. Sabe como é, né?! Outra coisa, percebi que gosto mesmo de escrever. Só que isso não significa que isso está atrelado ao jornalismo. Cansa, de vez em quando, escrever em nome coorporativo, defendo uma política que não é a sua, visando a imagem ao invés da verdade. Não é coisa do jornalismo, que na teoria, é lindo, mas coisa da política, um mal que não sei dizer se é necessário, tamanha a quantidade de cobras e reis em gordas barrigas. Por isso, cada vez mais, tenho pensado em cinema. Em tudo dele. Mas sei que se um dia fosse competente o suficiente para conseguir algo com cinema, vou acabar esbarrando na política, claro. Essa praga está em todos os lugares. Chego até a pensar numa coisa que me desespera. Política é tudo. Até relacionamento com amigos. Fudeu!

Aí, acabo me fazendo uma pergunta: se eu sabendo que a política está aí e vai me atrapalhar, vale a pena correr atrás de algo que será como tudo é hoje? Não sei se fui claro. Enfim, a não ser que eu crie a minha produtora que venha a disputar com a Warner ou a Pixar, tanto faz, eu estarei a mercê de interesses políticos, como hoje. Então, vale a pena? Não é a mesma coisa? E pior (acabei de pensar nisso), como estarei fazendo algo que sempre quis desde meus 23 anos, não pode ser pior o choque, afinal, vou me importar mais. Fudeu de novo!

Não é certo desistir antes de começar. E só para ficar registrado, não desisti e não comecei nada. Tudo isso que você está lendo aqui é fruto dum digitar espontâneo. Coisas que resolvi falar por que são poucas as pessoas que entram aqui. Logo, é quase como um segredo. Acho que sei o que quero fazer, mas não tenho certeza.

Mudemos de assunto. Que tal um pouco de futebol? Meu time ta mediano. Pronto, acabou o assunto sobre futebol.

No mais, gostaria de dizer que o Twitter é uma coisa bem chatinha, mas não vou abandoná-lo (ainda). Putz, tudo é relativo, são links e mais links, não há uma conversa de verdade, nada. Acho que a única coisa boa é que é facílimo atualizá-lo. E nem sei a que ponto isso é bom.

Tai, um atualização nova e espontânea.

Ah, voltei a comprar CDs. E estou adorando!!!

Nãããããããããooo

6 de julho de 2009
É desse jeito. Não tem o que falar. Hitman foi assim... será que Prince of Persia e/ou God of War também seguirão esse rumo???

















































































Nããããããããããããoooooo


(Mais uma do Capinaremos)

King MJ

26 de junho de 2009






























































Brincadeiras a parte, eu fiquei chateado. Bom Descanso, MJ!

Ah... a montagem foi do Capinaremos.

Aimeodeols! [x 2]

16 de junho de 2009
É providencial. Bastou fazer uma pausa no desespero para encontrar algo que, no mínimo, alivia. Graças!

Abaixo, uma entrevista da Folha de São Paulo com um dos meus ídolos. Muito boa, por sinal. Palavras abençoadas para me dar um gás a mais.

Ufa...

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Para Gay Talese, participar da Flip é aprender com brasileiros

Um dos principais nomes entre os autores internacionais a participar da Flip-2009 (Festa Literária Internacional de Paraty) é o do jornalista e escritor norte-americano Gay Talese. Conhecido como um dos protagonistas do new journalism --estilo que mistura narrativa literária e técnica jornalística--, e exímio autor de perfis, Talese vai discutir na Flip, que ocorre entre 1º e 5 de julho, o tema "fama e anonimato", homônimo de um de seus livros, de 2004, lançado no Brasil pela Cia. das Letras, também responsável pela publicação do recente "Vida de Escritor" (2009), "A Mulher do Próximo" (2002) e "O Reino e o Poder" (2000).

Em entrevista exclusiva à Folha Online, por e-mail, Talese, 77 --atualmente em viagem para comemorar seus 50 anos de casamento--, diz que participar da festa literária em Paraty é para ele uma experiência de aprendizado com brasileiros que se preocupam com a escrita e com escritores.

Crítico ferrenho do governo de George W. Bush e da atuação da imprensa americana na cobertura da Guerra do Iraque, Talese afirma que nenhum jornalista americano cobrindo os eventos no Iraque conseguiu uma grande história enquanto viajava em um tanque com soldados dos Estados Unidos. "Jornalistas não deveriam se tornar parte da produção da publicidade dos militares, seus ataques "encenados", diz.

Fiel a seu estilo de pesquisar e escrever, o autor mantém-se avesso às novas tecnologias, diz que ainda não usa e-mail [a entrevista foi intermediada por seu assessor] e que não presta atenção em e-books [livros eletrônicos]. "Eu não uso e-mails. Não uso gravador, eu não faço as coisas de nenhuma forma diferentes do que fazia quando comecei, há mais de 50 anos."

Leia a seguir íntegra da entrevista concedida com exclusividade à Folha Online.

Folha Online - O senhor começou a escrever para jornais quando ainda era um adolescente que adorava jogar basquete. Mesmo naquele início de carreira suas reportagens já eram descritas como possuidoras de um estilo único: cada jogador se tornava uma personagem, cada jogo, um cenário. Como surgiu a ideia de transformar um simples jogo em um artigo que se assemelhava à literatura?

Gay Talese - Quando adolescente eu lia ficção --contos e romances-- e com eles aprendi a arte de contar histórias. Eu mesmo nunca me interessei por ser um escritor de ficção... por que aspirar a algo que tantas outras pessoas já faziam? Eu tentei apenas uma vez escrever ficção; a história foi publicada, mas eu nunca mais fiz outra, porque me sentia muito mais atraído pela não ficção que é estruturada como ficção (cenas, diálogos, conflitos entre personagens etc.); mas, ao mesmo tempo, eu queria escrever sobre o que era real, não sobre o que era inventado, não sobre o que era falso de alguma forma. Ficção era falso para mim, ainda que pudesse ser "verdadeira", no sentido de aspirar a uma verdade mais ampla do que aquela do jornalismo. Eu admito que o jornalismo tinha limitações. O jornalismo era geralmente feito sob a pressão de um prazo de entrega, e uma quantidade de tempo limitada era dada pelo objeto da matéria ao jornalista que fazia a reportagem. Mas meu jornalismo não era centrado nas notícias de última hora, e não tinha um limite de tempo, porque eu sempre insisti em levar todo o tempo necessário para pesquisar sobre as pessoas sobre quem escrevia (ou eu não escrevia sobre elas); e eu também queria contar histórias que descrevessem mais do que simplesmente o assunto principal delas. Na verdade, nos meus esforços mais bem-sucedidos em matérias, o personagem central é menos importante do que os personagens secundários que o cercavam. É só pensar em minha matéria sobre [o pugilista] Muhammad Ali ("Ali em Havana"), e "Frank Sinatra está Resfriado", e meus livros também são caracterizados pelo surgimento de muitos personagens menores que ganham vida e iluminam as personagens principais... Todos os meus livros, incluindo aqueles publicados no Brasil, têm personagens secundários que são, para mim, os principais. Eu elevo personagens menores a astros em minhas páginas. Meu mais recente livro publicado no Brasil ("Vida de Escritor") ilustra bem isso. Por exemplo, no capítulo sobre direitos civis, sobre a batalha dos afro-americanos pela igualdade de direitos nos anos 1960 em Estados racistas nos EUA, como o Alabama, não centrei minha atenção em Martin Luther King (1929-1968), mas sim em um obscuro advogado que aconselhou Luther King e mapeou a estratégia para marchas dos direitos civis e lutas por igualdade no tribunal. O advogado é J.L. Chestnut Jr.. No mesmo livro, falei sobre pessoas como um garçom de um restaurante, uma jogadora de futebol chinesa (que perde um jogo contra o time norte-americano durante uma Copa do Mundo) e também sobre o soldado da Marinha que perdeu o pênis para a faca de sua mulher (isso sim é perder algo!); e se você continuar, irá achar outros exemplos.

Folha Online - O senhor é conhecido por seu cuidado com a precisão dos fatos, por suas pesquisas exaustivas sempre que escolhe um tema para uma matéria. O que pensa da maneira como a imprensa lida com os fatos atualmente? O senhor acredita que ainda há espaço na mídia para a maneira como escreve as notícias?

Talese - Atualmente, a imprensa ainda é muito próxima ao poder, particularmente em Washington. Políticos demais "vazam" histórias para a imprensa sem serem identificados como a "fonte". Existe um grande enredamento entre pessoas de poder e a imprensa, especialmente em Washington; mas você se lembrará que, na guerra entre EUA e Iraque depois da invasão de 2003, jornalistas americanos frequentemente estavam enredados com tropas norte-americanas, viajando em tanques e com transporte blindado para carregar material pessoal, o que eu acredito ser moralmente incorreto. Jornalistas não deveriam se tornar parte da produção da publicidade dos militares, seus ataques "encenados", suas "photo-ops" [termo utilizado para se referir a uma oportunidade de tirar uma foto memorável de uma celebridade ou um político. Ganhou conotação negativa e hoje é utilizado para se referir a um acontecimento planejado, frequentemente disfarçado de notícia.], suas imagens cuidadosamente selecionadas nas quais o foco não é a consequência, mas sim o "photo-op" mostrando as tropas norte-americanas em seu papel profissional de "cavaleiros da liberdade", "agentes da democracia", galantes homens e mulheres americanos lutando contra ditaduras e terroristas e "impérios do mal", diabos e demônios. Agora, deixe-me dizer: isso sim é ficção!

E também me permita acrescentar o seguinte: nenhum jornalista cobrindo os eventos no Iraque conseguiu uma grande história enquanto viajava em um tanque com soldados norte-americanos. Os jornalistas estavam em dívida para com os soldados que protegiam suas vidas enquanto eles [jornalistas, vestindo capacetes e coletes de artilharia] se acovardavam atrás do ataque dos soldados, e se tornavam agentes de imprensa e (frequentemente) protetores desse Exército contra as acusações de brutalidade que foram feitas. Sim, eu sei que a imprensa finalmente acertou o passo e noticiou o abuso feito com prisioneiros etc....Mas, de verdade, a imprensa norte-americana (tanto aquela centralizada em Washington como a que estava nos campos de batalha no exterior), de modo muito importante, não alertou os leitores americanos sobre as mentiras que foram distribuídas pelos conselheiros "fabricadores de guerra" do presidente George W. Bush. Pessoas como [Dick] Cheney, [Paul] Wolfowitz, [Richard] Perle, [Donald] Rumsfeld. [Condoleezza] Rice etc., estavam espalhando a informação de que "armas de destruição em massa" existiam no Iraque, e toda a desculpa para ocorrer a invasão provou ser uma mentira. Ainda assim, a imprensa noticiou o que o governo norte-americano falava para ela, o que distorcia para ela, o que, na realidade, mentia para ela. Portanto, a imprensa é tão responsável como a administração do governo Bush pela morte de 3.000 soldados norte-americanos, para não falar da quantidade muito maior de mortos entre os soldados e civis do Iraque.

Folha Online - Como o senhor vê as mudanças que estão ocorrendo em seu país?

Talese - A eleição de Barack Obama é nossa maior esperança de mudança, e eu já vejo sinais de que o governo dos EUA, assim como o Exército, estão caminhando para grandes mudanças.

Folha Online - O senhor se preocupa com o futuro da leitura nos EUA?

Não, não me preocupo. Nunca houve muitos leitores em meu país, ou em lugar nenhum, se comparado à população nacional. Mas o relevante mesmo é o número relativamente pequeno de leitores (e pensadores) que influenciam a maioria que lê pouco e pensa pouco, maioria preocupada com seus esforços diários, e que tomam tanto tempo, para ganhar dinheiro para pagar o aluguel e colocar comida suficiente na mesa.

Folha Online - O senhor acredita que seu estilo de escrita, que ficou conhecido como jornalismo literário, pode ser uma arma poderosa para combater a crise do jornalismo em geral --a imprensa impressa especificamente-- enfrenta hoje?

Talese - Não sei se o "jornalismo literário" salvará o jornalismo tradicional como o conhecemos; mas o jornalismo sempre teve figuras literárias em suas fileiras (Ernest Hemingway [1899-1961] começou assim, como George Orwell [1903-1950], Gabriel Garcia Márquez etc.)

Folha Online - O que o senhor acha dos e-books [livros eletrônicos]? Já tentou ler algum?

Não presto atenção em e-books, e nunca tentei ler um. Eu não uso e-mails. Não uso gravador, eu não faço as coisas de nenhuma forma diferentes do que fazia quando comecei, há mais de 50 anos. As novas tecnologias são uma ferramenta valiosa para tornar as coisas mais rápidas, mais fáceis etc. Mas eu nunca me interessei por fazer nada mais rapidamente ou com maior facilidade. Eu acho que o bom trabalho toma tempo. Não há atalhos. Há apenas produzir um bom trabalho e esperar que ele perdure, que sobreviva o dia e a semana e o mês nos quais ele aparece impresso, ou num laptop, ou num post de blog.

Folha Online - Que conselho o senhor daria para escritores aspirantes de ficção e não ficção?

Talese - Meu conselho sempre foi o seguinte: leia os melhores autores que estejam disponíveis para você, e tente seguir as tradições que estabeleceram, além de alcançar seus altos padrões.

Folha Online - Como é, para um jornalista, a experiência de tornar-se o assunto de tantos artigos e entrevistas como o senhor se tornou, ser a pessoa com quem tantos querem falar ao invés de ser aquele que quer falar com outras pessoas?

Talese - Eu aceito encontros com pessoas que querem me entrevistar porque agir de outra forma me marcaria como um hipócrita. Eu me lembro de quantas vezes, em anos passados, as pessoas me davam o benefício do seu tempo, e falavam comigo apesar de estarem muito ocupadas; então, acho que devo retornar o favor e falar com qualquer um que esteja verdadeiramente interessado no que tenho para dizer e em como faço meu trabalho. Além disso, quando alguém me faz perguntas, eu também faço perguntas para essa pessoa. Ao mesmo tempo que dou uma entrevista eu também faço uma entrevista. Aprendo muito com as pessoas que vêm falar comigo. Muitos desses entrevistadores são jovens, décadas mais jovens do que eu; então eu consigo uma perspectiva "jovem" dessas pessoas, e aprendo muito sobre pessoas que não conheceria de outra maneira. Eu ganho, e elas ganham. É uma toca valiosa de ideias e um crescimento do entendimento entre diferentes gerações.

Folha Online - Como é o seu processo de escrita? Como o senhor começa, e quando sabe qual é a hora de terminar?

Talese - Meu processo de escrita? É preciso ler "Vida de Escritor". Eu passo muitos, muitos parágrafos falando sobre isso. Na verdade, o livro todo é sobre isso.

Folha Online - Por que o senhor decidiu aceitar o convite para a Flip? Quais são as suas expectativas?

O convite para a Flip é uma experiência de aprendizado, me oferecendo uma oportunidade de ver e ouvir e dialogar com outras pessoas; nesse caso, com brasileiros que se preocupam com a escrita e com escritores. Como resistir à chance de fazer parte de uma experiência como essa?

Aimeodeols!

15 de junho de 2009

Que desespero! De que? Não interessa.

O que interessa é: não sei o que fazer. Quando sei, não sei como. Quando sei, não sei quando. Quando sei, não sei se está certo. Quanto sei, fico esperando o erro. Quando vem, vejo que errei em algo.

Não é fácil. Vejo e ouço coisas difíceis para qualquer um. Mas não fujo da minha responsabilidade, embora quisesse muito (pelo menos, de vez em quando). Mas não. Vou, dou a cara a tapa, apanho e não aprendo. Eu fico com medo da dor, aprendo, mas erro de novo. PQP.

É foda. Tudo depende do dia. Do maldito pássaro que não cantou ou cantou demais. Do sol muito fraco ou muito forte. Até de uma pessoa que entrou na sala. Qualquer coisa!

Não pretendo que entenda o que estou falando. São somente palavras metralhadas durante um desespero tão grande que me obrigou a começar essa verborragia. Foi mal se ficou “assim assim”. Será que ficou? Posso estar achando demais também. Que é exatamente isso. Achar demais. Poucas definições. Quase nenhuma, que não seja uma: Estou desesperado! Sei fazer isso? Não sei dizer!

Aimeodeols!

Last Day Dream

24 de maio de 2009
Já disse que sou fã declarado de blogs. Entre os meus favoritos estão o Capinaremos, blog de humor, muito criativo. A série “Fuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu” é hilária. Outro que gosto muito é o Brogui. Um blog de curiosidades, basicamente.

Foi no Brogui que assisti ao vídeo abaixo. Não se deixe enganar pela imagem inicial. E assista com som pois mesmo não tendo diálogos, a música é fundamental (quando ela não é?)

Enfim, assista e diga o que achou! Se identificou com alguma?

Orgulho

21 de maio de 2009
Essa é para os flamenguistas e amantes do futebol brasileiro, o MELHOR do mundo.

O Flamengo perdeu a vaga nas semi-finais para o Internacional, considerado hoje o melhor time do Brasil. A diferença é que o Internacional foi quem quase perdeu a vaga.

No Maracanã, o Flamengo foi soberano, tendo duas bolas na trave, ótimas defesas do goleiro colorado e, como diria Arthur Muhlenberg, uma participação fundamental nos minutos finais do Bruno Yashin The Wall Čech de Souza. O confronto iria para o Beira Rio, onde o melhor time do país teria a torcida a favor.

O Flamengo em momento algum tomou conhecimento disso. Dominou, avançou e não se acovardou como times de técnicos retranqueiros e filosofias de “contra-taque”. O Flamengo foi o Flamengo, aquele de 78. Raça, paixão e futebol. Infelizmente, desta vez não tivemos um Rondinelli para dar início à nova época de ouro. E o problema do Mengão nesses últimos anos tem sido a falta, não somente de um Rondinelli, mas de um Zico, Romário, Gamarra ou até daquele Dejan Petkvic de 2001 e seu gol silenciador de viceínos aos 43 do segundo tempo. Não precisamos de um time todo de estrelas, como em 81, mas apenas de um a mais. Aquele que faço O gol (Rondinelli). Aquele que pule com a cara na bola, que está ao chão, tirando-a do pé daquele Zé Qualquer que iria chutá-la (mais uma vez, Rondinelli).

O que a grande maioria não entende, é que o Flamengo é raça. Não importa termos como adversário, o melhor time do país (que, graças ao Flamengo, foi provado que é apenas um outro time qualquer), nós temos o Manto Sagrado, A torcida e a história.

Quando o jogo terminou, fiquei triste. Mas, parando para refletir, o Flamengo, esse das inúmeras dívidas, brigas internas, gestões de má fé, bombas em treinos e tudo mais que a imprensa adora martelar, provou que aquele gigante nada mais é do que alguém na ponta do pé.
O Flamengo, no entanto, mostrou para que veio: dar trabalho. Não estou dizendo que iremos ganhar o Brasileirão, mas depois desses últimos jogos, não duvide.

O Flamengo me encheu de orgulho, mesmo errando em lances simples que culminaram na derrota. Mas provou que é um time de respeito. Um time do Brasil e seu futebol de excelência. Caímos de Pé. Fizemos um Jogão. Fomos Gigantes. Jogamos muita bola e também merecíamos a vaga. Fomos Flamengo, como sempre.

A cabeça

18 de maio de 2009

A cabeça pensa o dia todo, embora não queira. Está a mil por hora, mas de segunda marcha. Em qualquer momento, POW! Tudo pelos ares. A cabeça está aí, fazendo o que tem fazer, mesmo não querendo.

Essa noite, a cabeça tentou criar um mundo de perfeição. Porém, o único detalhe que separava a perfeição da mesmice. Era o fato da cabeça saber que aquilo não era real. Mesmo assim, tentou. Enquanto estava com suas janelas das almas fechadas, a cabeça criava uma ilusão de música, amigos, filmes e cerveja. Mas não havia como abandonar o real e a cabeça sabia disso.

Estava lá, tudo de bom. Mas o ruim insistia em atrelar-se. E veio o medo de arriscar, a insegurança para falar, a fria sensação da indiferença, o calor do mais puro ódio e algumas lágrimas de saudade, obviamente. E a cabeça a mil, forçando, tentado desligar a realidade, criando imagens belíssimas, aproximando pessoas distantes e aumentando o som até o talo.

Ainda assim, não conseguia. Pois parte da cabeça se obrigava a pensar que as coisas não eram daquele jeito. Que o mundo não funcionava naquela perfeição, que a música nunca seria tão boa e alta, e que pessoas não ficarão juntas para sempre. Maldita cabeça racional, sempre funcionando. A cada dia que passa tomando um pouco mais de lugar da cabeça que sonha.

E então acabou. O motorzinho não agüentava mais. Ele não fundiu, ele explodiu, destroçando e carbonizando os sonhos daquela cabeça, que abria suas janelas para ver que o mundo continuava o mesmo, não adiantando o seu esforço em tentar criar um melhor. As pessoas que com tanto esforço ela juntou, se foram. Nada mais que a cabeça criou, estava lá. E ela sabia que não adiantava tentar, nada mais seria o que foi. Bastava repousar e perceber que, mesmo desejando, ela tomaria outros rumos e, nenhum deles seria aquele que ela queria. Acabou.

Então a cabeça repousou e dormiu. Desistiu de parar de sonhar e aceitou que a realidade é imbatível e implacável. Seja sonhando ou não.

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?

Me permita ser bem objetivo: Futebol!

20 de abril de 2009
Pronto, mais do que isso é impossível. O post que se segue é não foi escrito por este que vos digita. O texto foi composto por um jornalista esportivo muito bom: Rica Perrone. Assim como ele anuncia em seu site, não confundir com o Ricardo Perrone da Folha de São Paulo.

Bem, Rica é um jornalista que tem minha admiração. São paulino roxo, Rica não esconde que gosta do Flamengo. Não do time, mas de sua torcida que, sejamos realistas, é algo que merece respeito. Mas não ache que gosto do Perrone por sua paixão à nação rubro-negra. Ele merece respeito por seu jornalismo esportivo. E, também, por ser um bom torcedor.

Futebol é um assunto maravilhoso, com as pessoas certas, claro. Nem sempre é possível deixar a emoção de lado. Da mesma maneira que nem sempre é possível ser somente razão. Infelizmente, não vi o jogo que permitiu ao meu Mengão, duelar mais uma vez com o diminuto novo-vice alvinegro carioca. Creio ter sido um bom jogo.

O diferencial do Perrone é permitir o leitor saber quando ele está sendo jornalista (na grande maioria das vezes), torcedor do São Paulo (algumas) e simpatizante do Mengão (algumas). Isso sem avaliar os bons olhos com o qual ele encara as falcatruas do precário futebol brasileiro, as discrepâncias veladas e ótimas análises táticas.

Ele sabe criticar aquele técnico ou jogador que gosta e sabe elogiar àqueles que ele não admira, tudo na hora certa e com termos corretos. Tudo bem, o português dele não é lá essas coisas, mas o meu também não é, o que não te impediu de ler até aqui. Não creio que seja um empecilho.

Rica escreveu o seguinte texto para o Urublog, o blog do torcedor na página do Flamengo no Globo Esporte, comanda pelo fanático Arthur Muhlenberg. Numa primeira leitura, o texto pode soar como um rubro-negrismo fanático. Ledo engano. O texto expõe, de fato, a imensurável alegria de torcer pelo Maior do Mundo, mas é, na única verdade, uma ode ao futebol:


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Um Domingo Qualquer


Era um dia frio, sem chuva. Seria um dia chato, não fosse o Maracanã lotado e a expectativa de um título. Ele não era fanático, sequer tinha visto o estádio lotado na vida, até então. Tinha 13 anos e torcia, timidamente, para o Palmeiras, apesar de morar no RJ.

Naquele domingo seu pai o levou na final. De bandeira, camisa e ingresso na mão, chegou assustado com a multidão. Entrou faltando 15 minutos pra começar e, quando olhou em volta, disse: “Pai, quantas pessoas tem aqui?!?”.

- Muitas, filho… uma nação inteira, disse o pai.

Aquela multidão explodiu em faixas, bandeiras e papel picado minutos depois. O garotinho se encolheu com medo e sentou. Com 1 minuto de jogo a torcida levantou e não deixou que o guri visse mais nada. Ele ouvia, sentia, mas não assistia.

Seu pai, rubro-negro fanático, não tinha muita esperança de que seu pivete palmeirense um dia se envolvesse com futebol. Jamais mostrou grande interesse, e só torcia porque tinha um amigo que era palmeiras.

O Flamengo saiu ganhando, mas não bastava. Tinha que ser com 2 gols de diferença, ou nada. Seu pai explicou que “faltava um”, e o garotinho não entendeu. Afinal… vitória não é vitória de qualquer jeito?

Sofreu um gol, e ele não tirou sarro do pai como sempre fazia. Ficou triste, como que contagiado pela multidão. O outro lado, 40% do estádio apenas, fazia barulho, e ele ouvia o silencio da nação a sua volta. Segundo ele, o silencio mais dolorido que já escutou na vida.

O Flamengo fez o segundo, e o garotinho, se envolvendo com o jogo, vibrou. Pulou no colo do seu pai e o abraçou como se fosse um legítimo urubuzinho.

Não era, ainda.

A torcida começou a cantar o hino, que ele sabia de cor de tanto ouvir o pai cantar. Pela primeira vez, cantou num estádio, e fez parte da nação. A angustia de milhares não passou em branco. Em mais alguns minutos o garotinho suava e já rezava de mãos grudadas ao peito.

O Flamengo virou, mas não bastava.

40 minutos do segundo tempo. Mesmo com 2×1 no Placar, a nação ouvia gozações do outro lado. Ele não entendia, e fez o pai explicar, mesmo num momento dramático do jogo.

Atencioso, o pai sentou e contou pro garoto que o Flamengo precisava ter 2 gols de vantagem, porque a vitória por um gol empataria a soma de 2 jogos, e o empate era do rival. Ele não entendeu bem, mas simplificou em sua cabeça: “Mais um e ganharemos”.
Opa… “ganharemos”? Ele não era palmeirense?

E então, aos 43 minutos, onde alguns já se mexiam na direção da saída, uma falta do meio da rua. Seu pai vibrou e ele questionou: “O que foi? Foi pênalti!? “

- Quase isso, filho!! Dali pro Pet é pênalti!!, profetizou o pai, ignorando a distancia da falta.

A cobrança… o silencio eterno de 1 segundo e a explosão. Gol do Flamengo! Petkovic!

E seu pai o abraça como nunca abraçou em toda sua vida. Pula, joga o garoto pra cima, beija, chora…

O garotinho, numa mistura de susto com euforia, olha em volta e, de braços abertos, comemora em silencio um gol que não era dele.

Sem razão, ele chora. E chorando, abraça o pai que, preocupado, rompe a alegria e pergunta: O que foi? O que foi? Se machucou?

- Não… Eu to feliz, pai!

Sem mais palavras, o pai sentou e abraçado ao garotinho deu um abraço de tricampeão. O jogo acabou, e os dois continuaram abraçados.

A festa rolando, os dois assistindo a tudo aquilo emocionados, o garotinho absolutamente embasbacado com a cena, já que nunca havia visitado um estádio lotado, muito menos uma decisão. O pai olhava pro campo e pro filho, porque sabia que, talvez, aquele fosse seu único momento na vida onde teria a imagem de seu garoto comemorando um titulo do time dele.

E chorava, sem vergonha nenhuma de quem estivesse em volta.

O menino foi embora pensativo, eufórico. Em casa, contou pra mãe com uma empolgação incomum sobre tudo que viveu naquela tarde. E não falava do jogo, apenas da torcida. Iludido por uma frase, contou pra mãe:

- Aí, no finalzinho, teve um pênalti! E o Flamengo fez o gol…
- Não filho… não foi pênalti! Foi de falta.
- Mas você disse que foi pênalti…
- Era modo de falar…. hahahahahah
- Então, mãe… aí, o cara fez o gol e a gente foi campeão!!!

Pronto. Aquele “a gente” fez o pai parar de colocar cerveja no copo, virar a cabeça lentamente e perguntar, com medo da resposta:

- A gente, filho?
(silencio…)
- É pai! O Mengão!!!!!

Emocionado, o pai abraçou o garoto e não falou nada. Ali, seu maior sonho virava realidade. A mãe entendeu, deixou os dois na cozinha e saiu de fininho, enquanto o pai começava a contar de uma outra final que viveu em mil novecentos e bolinha, com toda a atenção do novo rubro-negro.

Hoje o garoto tem 21, completados há alguns dias.

Quando seu pai perguntou o que ele queria de presente este ano, a resposta foi essa:

- Dois ingressos, uma bandeira, a camisa nova e ver você chorando igual aquele dia.

E há quem diga que “futebol é bobagem”…