Rock War

23 de setembro de 2009
Um dos pontos altos de Apocalypse Now (de Francis Ford Coppola) é a trilha sonora. Mais especificamente The End, do The Doors. A música se funde com as explosões, com a expressão de Martin Sheen. O resultado é um dos melhores momentos do cinema de guerra.

A guerra do Vietnã é a “responsável” por muitos desses filmes. E é minha guerra favorita, cinematograficamente falando. Filmes sobre a primeira e a segunda world wars abordam mais a realidade e crueldade das batalhas. Questões nazistas ou territoriais e histórias particulares ou de pelotões.

Já a terra dos “charlies” traz questões mais humanas. Compare, por exemplo, o já citado Apocalypse Now com O Resgate do Soldado Ryan (de Spilberg). Ou Nascido Para Matar (de Kubric) com o A Lista de Schindler (também de Spilberg). As abordagens são bem diferentes.

A guerra do Vietnã foi a mais estúpida guerra moderna, bancada por ufanismo e ganância. Além disso, a potência perdeu o confronto, o que mostra o quanto não havia pelo que se lutar. Enquanto guerreavam, nos EUA surgiam protestos, mais protestos, hippies e guitarras elétricas. E aí o rock foi ganhando força e significado. A música atravessou o oceano, chegando aos ouvidos dos soldados, carentes de informação e alternativa. O rock virou a voz do protesto. E começou a ser criado como protesto.

No ótimo Soldado Anônimo (de Sam Mendes) a temática lembra a guerra do Vietnã, quando comparada ao (falta de) motivo. Porém ainda diferente. Após os intensivos treinamentos (o começo do filme, inclusive, é uma homenagem ao Nascido Para Matar. Com direito a música sobre armas), não há confronto com o inimigo. As armas estão carregadas e destravadas, mas não em quem atirar. O filme deixa de lado a crueldade da guerra para abordar o psicológico. Talvez por isso esse filme seja, pra mim, um dos melhores de guerra já feitos. E o mais engraçado é que em momento algum há guerra.

Enfim, em determinado trecho, um helicóptero corta o céu, entoando as músicas temas do Vietnã, no caso, The Doors. Um dos soldados questiona: “Isso é música da guerra do Vietnã. Qual é a nossa música?”

Uma pergunta interessante. Qual será a música tema da próxima guerra. Qual será o rock que protestará a ganância e estupidez? Acredito que haverá um country sulista norte americano incentivando a bravura dos soldados. Mas com qual moeda será dada o troco?

É o rock hoje que me faz perguntar isso, meio que complementando o post abaixo. Se é que haverá rock na próxima guerra. Talvez um hip hop tenha mais espaço hoje.

Fica a dúvida.

2 comentários:

Unknown disse...

Sim, haverá rock! O problema é a tendência midiática! Talvez a pergunta seja: no que a mídia apostará? Essa história de 4º poder não existe. É o primeiro, sem sombra de dúvidas!

Erica Abe disse...

Comentário 1 (sobre o comment da Nessa): Vide a premiação do VMB ontem.
Comentário 2 (sobre o titulo do post): toda vez que leio essa frase no meu blog, nos links, lembro daquela música Rock Estrela, dos anos 80.