Lembro bem quando chegou à internet na minha casa. Ainda morava no Jardim Botânico seis, na melhor casa que já tive. O computador ficava em quarto algum. Ele estava montado no segundo andar da churrasqueira, que era um salão de jogos e vídeo. Internet discada, claro.
Rezava horrores para que ninguém ligasse enquanto eu estava conectado no Bate-papo da UOL. Agora que tento me lembrar, acho que somente fazia isso. Não conhecia sites. Meu email foi criado um tempo depois (Zipmail, cuja garota propaganda era a Luana Piovani. Detalhe irrelevante). Era isso, apenas o bate-papo.
Me apresentava com o nome de Tom e nisso, conheci muita gente. Garotas, principalmente. Porém nada de mais. No máximo rolavam algumas palavras por telefone. Teve uma vez foi a uma festa de uma dessas garotas, lá no Cruzeiro (para quem conhece, me acompanhou o Manda Mal!). Outra vez, foi ao shopping. Mas nessa, saímos correndo. Hahahaha! Mulek é foda!
Hoje os tempos mudaram muito. Nascemos na época dos constantes revoluções. Acho que o dia que eu encontrar uma internet discada nem saberei o que fazer, ou me morderei de tanta raiva! Agora o lance é você ser a internet. Perfis, pensamentos, alter-egos virtuais, contatos eletrônicos. A internet é um mundo tal como sugere o Avatar, nova empreitada de James Cameron.
Li uma coluna bem legal no Omelete, da Luciana Tuffolo, que se chama Poison On the Rocks (adoro o nome). Enfim, nela há um espaço para perguntas e respostas dos leitores. Numa das perguntas indignadas (as mais comuns, como sugere o nome do espaço), críticas sobre a defesa de Luciana ao Twitter, bem fundadas, até. A resposta é básica e resumirei: é interessante desde que se saiba usá-lo.
Não mistério nisso. Tudo é bom desde se saiba como utilizar. Porém, de tão óbvio parece que passa despercebido do popular, na qual eu estava incluído até alguns dias atrás.
O Twitter é um novo caso. Já foram discutidos, ignorados, crucificados, canonizados, sei lá, várias coisas da internet: rede de relacionamentos em geral, mensagens instantâneas, blogs, mundo virtual (Second Life) e, provavelmente, outras coisas das quais não lembro. A moda agora é o microblog. Mas por quê?
Acho que é o limite de 140 caracteres: “Como pode ser bom algo tão pequeno?”. Bem, olhe para o Romário! Rá! Brincadeira! Mas acho que é isso, até Poe que eu pensava assim. Acho que a beleza está no poder de síntese. Existem uns chatos que acham que todos estão interessados no que pensam a cada cinco segundos. Vai com calma, mané!
(me veio à cabeça um trecho de uma música que adoro. Acho que se encaixa para essas pessoas que twittam mais do que devem:
nem todo conselho é bom
nem todo automóvel táxi
nem todo sopro é de sax
nem todo filet mignon
nem toda arte é um dom
nem todo voto é secreto
nem todo amigo é discreto
nem todo batuque é samba
nem toda casa é de bamba
nem todo malandro esperto)
Acho que na internet, cada pessoa tem o seu perfil. Não digo de Orkut, Facebook ou outro, não é nesse sentido. Por exemplo, o meu perfil é de ler blogs de curiosidades e humor (e filmes, mas acho que nem precisava dizer isso). Vendo algo interessante neles, twitto. Outras pessoas se interessam por políticas, por exemplo. Tem aqueles que curtem assuntos científicos. E por aí vamos, agregando pessoas-assunto, que são informações que você gostaria de ler. Muitas vezes o assunto É a pessoa. Talvez aí, o exagero de alguns.
Vejo o Twitter como um RSS pessoal. Não é coorporativo (mas pode ser), no meu caso. Me interesso pelo que meu followings se interessam, gosto de ler uma notícia diferente e de saber como ou o que estão fazendo. E vai por aí. Alguns se deixam levar por um narcisismo 2.0. Mas são casos que podem ser resolvidos com o clicar de um botão. No final das contas, a única coisa que interessa é como você se satisfaz com as possibilidades que tem na mão.
Criticar a ferramenta por sua “inutilidade” é meio que assumir que você não faria dela, algo útil. Afinal, se você decide o que ler, quem acompanhar ou desacompanhar, como “ela” poderia ser ruim?
Sobre o "Pregnancy Brain"
Há 9 anos
2 comentários:
Acho que não só na síntese. O négócio é ser bom mesmo. Se a coisa for boa, tanto faz ler 140 caracteres ou 8 mil! Aos poucos me rendo...
Concordo com a Nessa. E com vc, claro. O poder é de vcs! :-D
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