óbvio

nas últimas semanas tenho tentado, a cada manhã, um novo "algo" para acordar bem. inspirado. animado. relaxado. um dia algo funciona, mas no outro dia, não. e assim vai. até que me bateu. como um tapa na cara. óbvio.

o que para mim funciona é... nada. ou tudo. hehehe, brincadeira...o que para mim funciona é o acaso. o dia-a-dia mesmo. as pequenas coisas que deixo de perceber, de reparar, por estar procurando coisas óbvias. um dia "desisti" de acordar buscando algo que me fizesse levantar. simplismente levantei... nada poderia ter sido melhor... nenhum devaneio, nenhuma esperança. parando no primeiro semáforo da 17, reparei como estão bonitas as flores que plantaram. fiquei contemplando-as até que começaram a buzinar. eu ODEIO buzina, mas nem esse barulho irritante da modernidade me pertubou. as flores estavam lá, ignorando os atrazados e apressados que reclamavam. o sol evidenciava as cores que tranformavam um canteiro num carnaval. coincidentemente, ouvia Paulinho da Viola. as flores dançavam ao ritmo do samba.

pessoas caminhando sorridentes. crianças indo a escola. beija-flores. o sol. o lago. existe algo mais óbvio do que o que se vê no dia-a-dia? ... reparamos em outdoors mas não em nuvens... em mulheres e homens bonitos mas não crianças felizes... em aviões e não em pássaros. e ainda reclamamos... de vez em quando, tudo que precisamos é a simplicidade das coisas, mas como sempre, complicamos. de tão normal, algo se torna irrelevante. o irrelevante se torna despresível. o despresível se torna... um nada. é um pena...

...tudo que precisamos está bem na nossa frente... nos fazendo respirar, semeando o pólem, provendo luz, matando nossa sede e fome, etc. mas nada disso importa mais. eu preferia observar o dia todo o vermelho, amarela e verde deste óbvio nada despresível do que a troca de cores intermitentes do semáforo...

quem sabe um dia.